A tarja preta da medicalização": reflexões para a clínica psicológica

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A tarja preta da medicalização": reflexões para a clínica psicológica

As respostas para tais questões, no momento atual, parecem indicar a primazia do pensamento teorético-explicativo que domina o saber médico e até psicológico. Nisso vigora uma clínica psicológica cujos recursos e modos de intervenção são atravessados, principalmente, pelos labirintos da informação, pelo predomínio da superficialidade, pela funcionalidade do cálculo e do método. Interessante mencionar a pesquisa realizada por Benini e Leal (2016) acerca do uso de psicotrópicos na perspectiva de pessoas com o diagnóstico de esquizofrenia. Segundo as autoras, o uso de medicamentos abarca experiências diversas e de forte influência na maneira pela qual o paciente compreende e se engaja no tratamento. Foi observado que a minoria dos usuários utiliza remédios como uma escolha feita diante de seu diagnóstico; paraos demais, o uso medicamentoso provém de uma imposição familiar, social e da própria equipe de cuidado. Cabe expor também que alguns pacientes se consideram "cobaias" de uma ciência que ainda não descobriu o remédio para o seu sofrimento. Muitos daqueles que passaram por uma internação psiquiátrica sinalizaram experiências negativas com os remédios, principalmente quando se trata da medicação injetável; mas ressaltaram a relação médico/paciente como forte influenciadora na maneira pela qual vivenciam o uso dos medicamentos.

  • Segundo Dantas (2014), anterior ao avanço da farmacologia, os medicamentos eram ervas e preparos caseiros, cujo manejo era passado por gerações na tentativa de resolver os mais variados sofrimentos.
  • Pós-graduada em Gramática da Língua Inglesa, Gestão Escolar e Psicopedagogia Clínica e Institucional.
  • É pesquisadora do Projeto COMET – Corpus Multilíngue para Ensino e Tradução do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
  • Segundo Nascimento (2015), a recorrência usual e simplificadora de ansiolíticos e antidepressivos nos distanciam da experiência apropriativa, afastando o homem da possibilidade de experienciar e apropriar-se do seu sofrimento – aquilo que, em princípio, é o que lhe é mais próprio e singular.

A psicóloga, Ana Paula Magosso, da Clia Psicologia, Saúde & Educação responde às principais perguntas sobre o assunto.

O efeito mais comum de todos, sendo o mais citado dentre os pacientes que fazem uso desse medicamento, é a sonolência. Pela lógica, se os remédios de tarja preta são mais fortes e com consequências mais graves do que os outros, você deve prestar atenção em quais são os efeitos que esse remédio pode surtir no seu corpo. Em alguns casos, os medicamentos que possuem a tarja vermelham não necessitam da receita retida na farmácia, somente nos casos em que há um controle por parte do governo, como é o caso dos antibióticos. Primeiramente, é interessante ressaltar que os medicamentos que não possuem tarja não têm o costume de ocorrer efeitos colaterais muito graves, dispensando inclusive a prescrição médica. Sabemos que transtornos parecidos com a depressão ansiedade costumam prejudicar de forma direta a qualidade de vida desses pacientes além do seu bem-estar. Quando bem indicados, estes medicamentos atuam de forma positiva, suavizando os sintomas e permitindo que manejem situações de forma mais efetiva, facilitando inclusive o aproveitamento do processo terapêutico.

Por falar em jovens, notamos até jovens buscando ajuda psicológica e utilizando de antidepressivos? Por quê tão cedo?

Considerando as possibilidades compreensivas decorrentes das experiências narradas, cabe atentar para o perigo que a medicalização pode oferecer à existência humana. Cabe mencionar que esta pesquisa se configura qualitativa em uma perspectiva fenomenológica hermenêutica. Conforme indica Silva e Santos (2017), as pesquisas nessa perspectiva têm sido bastante propagadas no âmbito acadêmico e da saúde, caracterizandose por interrogar o fenômeno sem a pretensão de adequá-lo às compreensões previamente existentes. E por fim, os medicamentos com tarja preta representam riscos à saúde de natureza muito grave, que podem levar até mesmo a uma certa dependência física ou psíquica, sem falar da tolerância.

O que a Secretaria Mundial da Saúde diz?

O foco da minha consultoria está agora nas constelações organizacionais e na análise da questão central, o foco da minha terapia é a terapia de regressão transpessoal, e entre estes dois campos ajudar as pessoas a desenvolver o que chamo de domínio pessoal. Designer gráfico, pós-graduado em Comunicação e Marketing pela Fundação Cásper Líbero, já trabalhou com todo o mix de comunicação institucional e promocional, tendo desenvolvido projetos e materiais de PDV para empresas como Instituto Votorantim, Votorantim Cimentos, Unilever, Pizza Hut, Air China, IUCN, Pizza Hut, entre outros. Vivian Maria Marcondes é Doutoranda e Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (PUC-SP); pós-graduada em Fundamentos do Ensino da Matemática (Mathema); pós-graduada em Psicopedagogia (Universidade Metodista); graduada em Pedagogia. Atuante há mais de 20 anos como professora, em escolas da rede particular e pública de São Paulo. Pesquisadora das temáticas “Literatura Infantil”; “Letramento Literário”; “Formação de Leitores”. Após dialogar com a experiência de Emma, é preciso agora dar outro passo, no intuito de tentar compreender uma questão crucial que esteve implicada nesta reflexão sobre a medicalização. Junto a essas reflexões, é importante trazer os dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, 2011), os quais sinalizam o crescimento do consumo de psicotrópicos.

O que a Secretaria Mundial da Saúde diz?

Sempre estive envolvido com aconselhamento pessoal para executivos e para os formadores de política. Isso tem levando cada vez mais ao coaching de gestão e ao que é chamado hoje em dia de coaching de vida. Ele também publicou artigos em revistas acadêmicas no Brasil e em Target e The Translator, além de traduzir poesia do português para o inglês. Junto com Marilise Bertin adaptou Hamlet (2005), Romeu e Julieta (2006), e Otelo (2008).

Como mudar posturas ou mesmo o modo de vida no dia a dia para que não cheguem a ter que utilizar essas medicações?

  • Graduada em Letras (Tradução e Interpretação) nos idiomas inglês e português.
  • Pode ser uma solução satisfatória para um amante desconsolado, uma dona de casa cansada da rotina, um trabalhador que tem de lidar com as pressões do mundo laboral, para crianças indisciplinadas e com dificuldades de aprendizagem, para o jovem estressado e indeciso.
  • Não seria uma restrição do olhar dirigido, unicamente, para a eliminação de sintomas?
  • Autores como Barreto, Silva e Santana (2016) e Feijoo (2017), a partir de aproximações com a Filosofia Hermenêutica, já expressaram a necessidade de acolher o que, habitualmente, é desconsiderado pelo discurso científico.
  • Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e especialista em Tradução Inglês/Português pela Universidade de São Paulo, atua no ensino de idiomas e tradução há mais de vinte anos.

Professora do Curso de Formação de Tradutores e Intérpretes e curso de Interpretação Médica da Associação Alumni/SP. Formado em Publicidade e Propaganda (Umesp) com especialização em Jornalismo Cultural (Umesp). Atua como designer gráfico, editor de arte e diagramador e é proprietário da Jota Criativo (). Desde 1994 trabalha com produção gráfica em agências e veículos de comunicação como o diário Lance! E a revista Reciclamais.Atualmente realiza materiais para o centro universitário São Camilo e a província camiliana além de ser editor de arte da revista Seareiro. Mestrado em Letras pelo programa de Estudos da Tradução da Universidade de São Paulo. Por conta disso, vemos que outros pacientes com diagnóstico de transtornos como a depressão ou a ansiedade se sentiram mais livres para falar sobre o assunto. Hoje em dia percebemos que as pessoas conseguem conversar mais abertamente sobre problemas como a depressão ou ansiedade, inclusive que precisam de alguma medicação tarja preta. Sim, a psicoterapia que em muitos casos é suficiente para lidar com sintomas que o indivíduo apresenta, inclusive, estudos recentes comprovam que a eficácia do antidepressivo é dependente do paciente estar em processo psicoterapêutico. O medicamento tarja preta, conhecidos como calmantes, precisam ser utilizados por tempo limitado e em dose apropriada para evitar dependência e eventuais danos cognitivos. O antidepressivo deve ser utilizado na dose correta e no tempo necessário para diminuir o risco de recaída da depressão. As vidas modernas impõem padrões e desafios cada vez mais difíceis de alcançar, elevado de forma significativa o nível de ansiedade das pessoas, predispondo-as a transtornos psíquicos como transtorno de ansiedade e depressão.

Uso de remédios tarja preta cresce 52% em 4 anos

Em tal perspectiva, procura-se respostas para o sofrimento do paciente, bem como adotam-se recursos (como o diagnóstico e medicalização) para a eliminação de sintomas e o encobrimento do sofrimento. O que fica evidente é a necessidade de um questionamento crítico aos ditames de nosso horizonte histórico, a fim de que a clínica ofereça um espaço de reflexão e acolhimento do sofrimento. Ao contar de sua experiência, nossa colaboradora salienta a existência de uma "cultura de medicalização", a qual, apressadamente, encaminha o usuário para um atendimento psiquiátrico. Vai se mostrando o quanto a lógica medicalizante aparenta ter um lugar privilegiado no processo de cuidado, compreensão reforçada pelos próprios profissionais do serviço de saúde. Inclusive, assim que o usuário é admitido no CAPSad, já sai com a consulta agendada para o psiquiatra e para a clínica geral. O acompanhamento psiquiátrico é algo visto como fundamental pela gestão, pelos funcionários. Ao mesmo tempo, percebo que as médicas psiquiatras são bem conscientes e, muitas vezes, questionam a necessidade de os usuários terem uma prescrição medicamentosa. Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e especialista em Tradução Inglês/Português pela Universidade de São Paulo, atua no ensino de idiomas e tradução há mais de vinte anos. É pesquisadora do grupo de estudos de Linguística de Corpus (GELC – PUC-SP/CNPq) e integrante de um projeto para elaboração de um dicionário de colocações baseado em corpus, que será publicado pela Routledge. Possui doutorado (2015) e mestrado (2008) em Letras, no Programa de Estudos Linguísticos e Literários em Inglês (USP) e Especialização em Tradução Português/Inglês (USP – 2002). Graduação em Letras (Licenciatura Plena – Inglês e Português – 1996) e Tecnologia em Processamento de Dados (1991). É diretora do CBEAL – Centro Brasileiro de Estudos da América Latina – na Fundação Memorial da América Latina. Atua como tradutora técnica (inglês – português – espanhol), intérprete de conferências e intérprete no âmbito forense. O segundo tarja preta mais consumido na rede municipal em 2014 foram os ansiolíticos, calmante que ajuda a reduzir a ansiedade. Já os antipsicóticos, com 130,7 mil pacientes, tratam transtornos que causam alucinações, como a esquizofrenia. Graduada em Letras (Tradução e Interpretação) nos idiomas inglês e português. Além do interesse e da paixão pela literatura e a leitura, principalmente de clássico literários, desde a infância, também leciona inglês como  língua estrangeira há 25 anos.  Ponto de Saúde psicologos volta redonda  traduz obras de literatura e textos técnicos na área jurídica, e é mestranda em Estudos da Tradução, na Universidade de São Paulo. Estudei psicologia e pedagogia na Universidade de Amsterdã e especializei-me em educação para adultos. Isso na verdade é um avanço que devemos comemorar pois é importante falar sobre transtornos que acometem uma grande parte da população.